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Publicado em: 15/09/2010 às 09:28

Desfibradoras de sisal serão entregues a produtores baianos

Por: Ascom/Fapesb

Criada por um inventor autodidata e testada com sucesso pelo Ministério do Trabalho, uma nova máquina deverá acabar com um problema social na região sisaleira da Bahia – a mutilação de mãos e antebraços de trabalhadores em equipamento de desfibrar a folha do sisal, a “Paraibana”.
Nesta quinta-feira (16), com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel, serão entregues 140 unidades do novo equipamento para atender diretamente a 3.612 agricultores familiares, principalmente dos municípios de Serrinha, Conceição do Coité, Valente, Santa Luz, Queimadas, Araci, São Domingos, Itiúba, Riachão do Jacuípe, Retirolândia, entre outros pertencentes ao Território do Sisal e Bacia do Jacuípe.
O modelo atual passou por melhorias com a substituição de motores. O resfriamento a água foi trocado pelo mecanismo a ar, facilitando sua utilização em região com escassez hídrica. Além disso, o equipamento se torna 51 quilos mais leve. A mudança foi considerada uma evolução tecnológica do modelo inicial. A iniciativa conta com a parceria do MDA e da Caixa Econômica Federal.
Inventada por José Faustino Santos, um homem simples, que estudou apenas até a 7ª série do ensino fundamental, mas com uma inteligência incomum, o equipamento “Faustino V” tem como principal diferença em relação às tradicionais “paraibanas”, o fato de evitar totalmente o risco de mutilação, além da nova forma de processamento da folha, que evita esforços físicos por parte dos produtores.
Primeiro protótipo
Natural de Nova Floresta, na Paraíba, Faustino Santos concebeu o primeiro protótipo da máquina em 1987, na oficina mecânica do pai. Com o apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), verá seu equipamento começar a ser produzido em série.
“É a realização de um antigo sonho”, define o inventor. No protótipo original, a máquina era acionada por um pedal. Os trabalhadores rurais foram convidados para conhecer o equipamento e apresentar sugestões voltadas a eventuais aprimoramentos. No teste de campo, a produção de fibra da “Faustino” foi quase 20% superior à da Paraibana.
Antiga máquina
Estima-se que mais de dois mil trabalhadores perderam mãos ou parte dos braços no processo de desfibramento do sisal ao longo dos anos. Eliminar os riscos de mutilação é uma das exigências para a obtenção do ISO 9001:2008, certificado internacional do sistema de gestão de qualidade.
Com esta qualificação, os produtores poderão ter acesso a mais investimentos de grandes empresas que exigem certificação. A empresa automobilística Ford, por exemplo, já sinalizou, com a intenção de fechar convênio com os produtores para comprar a fibra de sisal em substituição ao plástico e à fibra de vidro.
Cultura tem peso na economia baiana
A cultura do sisal gera a renda que possibilita a sobrevivência de aproximadamente 700 mil pessoas em mais de 260 mil hectares da cultura, distribuídos em mais de 40 municípios do semiárido baiano, englobando os territórios do Sisal, Chapada da Diamantina, Piemonte da Diamantina, Semiárido Nordeste II, Sertão do São Francisco, Piemonte do Paraguaçu, Bacia do Jacuípe, Irecê, Vale do Jiquiriçá e Piemonte Norte do Itapicuru. Sendo que em mais da metade destes, o sisal é a fonte de renda mais importante.
O Brasil é o maior exportador de sisal do mundo, com uma produção anual de 119 mil toneladas, o que corresponde a 56% da safra mundial. É também o maior produtor mundial de sisal, com uma fatia de 40% do mercado. A Bahia é o principal produtor de sisal do território brasileiro, contribuindo com 94% da produção nacional.
Fonte: Agecom

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