Voltar
Publicado em: 23/03/2020 às 10:09

Estudante baiana utiliza plantas para criar produto capaz de controlar carrapatos

Por: Ascom/Fapesb

Trabalho foi apresentado na Exporecerca, evento científico internacional na Espanha

Em épocas quando a produção de alimentos pode sofrer com a baixa de produtividade, soluções inovadoras são sempre bem-vindas para superar essas adversidades, como é o caso de uma estudante baiana que descobriu uma maneira eficaz e sustentável de reduzir a reprodução de carrapatos em bovinos. A novidade vem do município de Catu, onde a estudante do curso Técnico em Alimentos, do Instituto Federal Baiano (IF Baiano), Luiza Souza, desenvolve o trabalho com o objetivo de reduzir os impactos econômicos gerados por este parasita, ao mesmo tempo que promove a sustentabilidade, visto que o novo “carrapaticida” é natural e feito à base de duas plantas, o neem (Azadirachta indica) e a arruda (Ruta Graveolens).

Luiza explica que, a princípio, o foco é combater a espécie conhecida como Rhipicephalus Boophilus Microplus, pois, segundo ela, este tipo se adaptou muito bem ao clima dos países tropicais, como o Brasil, onde calor e a umidade favorecem sua proliferação. “Nosso país é um grande investidor da bovinocultura, bem como produtor de carne e leite. Dentro desse contexto, é importante lutar contra a proliferação deste carrapato que pode impactar diretamente na produção de leite e carne. Além disso, pode influenciar também na qualidade dos produtos derivados e na indústria calçadista, que utiliza o coro dos bovinos para a fabricação de calçados”, destacou.

Foi ao longo de sua vida no interior baiano que Luiza teve a inspiração para criar o projeto, através de um credo popular passado para ela por sua avó que aconselhou a planta arruda para curar a dor de ouvido de uma amiga. “Comecei a pesquisar sobre a planta e tive vontade de criar um projeto de pesquisa na área da saúde. Só que eu estudo em uma escola agrotécnica que tem muitos animais e foi pesquisando que descobrimos que poderíamos utilizar os extratos não só da arruda, mas também do neem, para o controle dos carrapatos nos bois e vacas, porque fazíamos práticas de produção de derivados de leite e carne”, contou.

O trabalho desenvolvido atua também na redução de impactos ambientais, causados por fármacos sintéticos de origem química. “O principal diferencial do nosso produto é que ele é natural, do qual as plantas utilizadas na fabricação podem ser encontradas com facilidade na flora brasileira. Utilizar produtos como este ajuda a reduzir impactos ambientais, econômicos e sociais, porque a sociedade contemporânea tem cada vez mais a preocupação em consumir alimentos livres de contaminantes”, disse.

O projeto está em fase de testes que já comprovaram 95% de eficiência para o controle desses aracnídeos. “Fizemos testes em laboratório com os carrapatos, agora o próximo passo é fazer o teste em animal vivo, para observamos a ação dos extratos nos carrapatos nos bovinos. Estamos testando concentrações diferentes, com a perspectiva de destinar esses testes aos carrapatos de pets, como, por exemplo, cachorros e gatos.

O trabalho contou com o apoio do professor e orientador Saulo Capim, além da professora Morgana Borges e a estudante Ewellin Serafim. “Também tivemos apoio do Conselho Regional dos Técnicos Industriais da Bahia (CRT-BA) para participar da Exporecerca, evento científico em Barcelona, na Espanha, no final de fevereiro, quando pudemos apresentar nosso trabalho e reiterar sua importância”, concluiu.

Bahia Faz Ciência

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam, no dia 8 de julho, o Bahia Faz Ciência, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias serão divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estarão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br

Voltar