Voltar
Publicado em: 28/04/2017 às 09:30

Mês da Dança: Projeto de pesquisadora da Fapesb estuda a Tribal Fusion Dance

Por: Ascom/Fapesb

A pesquisadora Carla Roanita Farias desenvolveu, entre 2014 e 2015, a dissertação de mestrado “A relevância do processo como parâmetro para a composição: um estudo sobre a dança Tribal Fusion Dance”, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia. Em comemoração ao Dia Internacional da Dança, celebrado 29 de abril, a Fapesb procurou saber um pouco mais sobre o trabalho da pesquisadora e quais os caminhos que o projeto proporcionou em sua carreira.

Fapesb – Sobre o que se trata a pesquisa “A relevância do processo como parâmetro para a composição: um estudo sobre a dança Tribal Fusion Dance”?

Carla Roanita – A proposta desta pesquisa foi problematizar a nomeação Tribal Fusion Dance (forma composicional de dança, derivada da Dança do Ventre, marcada pela mescla de movimentos e técnicas trazidas de outras danças (como representação de outras culturas), para convergir numa forma que busque agrupamentos múltiplos e representativos), com o intuito de apontar como a sua titulação não consegue abranger a complexidade do seu fazer. Paradoxalmente ao seu discurso, seu rótulo acaba por cerceá-la por meio dos nichos de mercado. Caminhos distintos para a discussão foram levantados a partir de duas vertentes: a configurativa (perspectiva do seu design a partir do resultado, a dança), e a processualista (focalizando a ação da mistura, permitindo analisar essa dança enquanto modo de fazer). Com o arcabouço teórico, desenvolve-se a questão sobre a ideia de fusão atrelada ao seu nome.

Fapesb – De que forma essas duas vertentes e a ideia de fusão são destrinchados no trabalho?

CR – No primeiro capítulo, a análise é feita a partir dessas duas dimensões e, posteriormente, apenas pelo caminho processual. Além de abordar a prática da junção de passos em uma coreografia como incompatível com a ideia de fusão, é desvelado que essa concepção é problemática, não condizente para mensurar essa prática, que é melhor abordada através do conceito de hibridismo. No segundo capítulo, fala-se sobre o processo dos diálogos de práticas culturais distintas no corpo, com base em duas perspectivas: a denominada corpo sensível, em contraponto à chamada corpo anatômico. Entre essas duas vertentes, escolheu-se a primeira, pois se percebeu que repensar o corpo de um dançarino, a partir da disponibilidade para incorporar as práticas culturais distintas, é mais interessante do que justapor passos representativos. Alude-se, então, à ideia de confusão em vez de fusão, como um jogo negociativo para propor uma composição. Assim, no terceiro capitulo, através das abordagens iniciadas, mergulhou-se nas estruturações das políticas no mercado, desvelando-as como potencializadas por uma dinâmica de defesa, que impede a expansão compositiva dessa dança.

Fapesb – Quais os resultados obtidos?

CR – A partir desse estudo teórico, propôs-se a oficina Dos Princípios à Investigação, que permitiu desenvolver uma entre as muitas possibilidades de composição passíveis de exploração através do uso do processo como parâmetro. Atualmente, este tem sido um dos meus trabalhos práticos com os desdobramentos desta pesquisa, pois pude levar essas possibilidades teórico-práticas para pessoas que desejam dançar a Dança do Ventre sem as preocupações de fixar-se a uma técnica perfeita. Está sendo a primeira etapa dos encaminhamentos posterior à defesa do mestrado.

Fapesb – Como funcionou o apoio da Fapesb? Qual a importância da Fapesb no processo de pesquisa?

CR – O apoio da FAPESB funcionou como uma possibilidade de investir na minha pesquisa, pois pude fazer cursos paralelos, que me ajudaram a aprofundar o meu estudo. Além disso, como exemplo, pude comprar livros importados para a construção do meu arcabouço teórico, sendo que utilizei o autor Michel Bernard, um filósofo francês, para discutir o conceito do corpo sensível. Esse autor me levou a começar a fazer o desdobramento prático diante do meu trabalho teórico. A relevância deste apoio financeiro foi referente ao fato de eu poder somente estudar e realizar uma pesquisa com consistência.

Carla Roanita lançará dois e-books para socializar sua pesquisa teórica

Fapesb – Quais os planos para o futuro?

CR – Partindo para uma segunda etapa, ainda neste ano de 2017 pretendo lançar outra oficina, cujo título provisório é Desconfigurando para processar. Então, diferentemente da primeira oficina, esta será para o público da Dança do Ventre e Tribal Fusion, pois essas danças foram o meu objeto de estudo para a discussão desta pesquisa. Neste processo de trabalho, vou propor uma investigação corporal nas dançarinas que estudam essas técnicas há anos, com a intenção de produzir outras possibilidades de construção coreográfica, desviando dos formatos mais esperados dos parâmetros por elas mais realizados. Justamente com este trabalho, lançarei dois e-books que socializam a minha pesquisa teórica.

Para além de tudo isso, criei um empreendimento chamado REALIZE PESQUISA, para tornar agradável a vida do (a) estudante como pesquisador (a) e dos (as) interessados (as) em pesquisa. A inspiração é pensar o processo da pesquisa/do estudo em uma dimensão construtiva, leve, criativa e com foco, para assim ser possível contribuir com os (as) estudantes. Afinal, hoje também sou coaching em organização de estudo, ministro oficinas de danças, entre outros projetos. Então, o processo do mestrado foi muito construtivo para mim, e nele pude me inspirar e construir uma forma de trabalho que está crescendo a cada dia, com novas ideias.

 

 

 

Voltar