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Publicado em: 31/01/2013 às 20:25

FAPESB e CEPLAC se reúnem para discutir sobre doenças do cacau

Por: Ascom/Fapesb

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A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) reuniram-se nesta quarta-feira, 30/01, na sede da FAPESB, para discutir sobre a necessidade de financiamento de estudos sobre as doenças do cacau. A reunião teve como foco a disseminação da Monilíase, fungo que acomete o fruto do cacau e que vem avançando rapidamente nos países da América Central e do Sul.

A fitopatologista e pesquisadora da CEPLAC, Karina Gramacho, responsável pela pesquisa para controle da Monilíase na América Latina, apresentou a atual situação da doença e as perspectivas para os próximos anos. Segundo ela, a Monilíase dificilmente será erradicada, mas é possível controlá-la e diminuir a sua disseminação. Embora não haja registros da doença no Brasil, sua incidência é alta nos países vizinhos, principalmente Peru e Bolívia, e o risco de epidemia no Brasil é muito alta. Em alguns países da América Central, a Monilíase já atacou quase 100% da produção, como é o caso da Costa Rica.

Em comparação com a Vassoura-de-Bruxa, a Monilíase é ainda mais devastadora. O fungo ataca apenas o fruto, deixando-o, inicialmente, com manchas escuras, que se transformam em uma camada esbranquiçada formada por bilhões de esporos do patógeno. Estes esporos podem ser disseminados rapidamente pelo vento, pela chuva, ou por insetos. O fungo é muito resistente a mudanças climáticas e de latitude e tem alta capacidade de proliferação.

Ainda não existem pesquisas concretas sobre o tempo de sobrevivência do esporo fora do fruto, mas há uma grande preocupação quanto à entrada do fungo no Brasil, por meio de roupas, sapatos, ferramentas e materiais de transporte em geral. Segundo Gramacho, o fungo pode sobreviver por até nove meses no cacau, podendo manifestar-se apenas três meses após a contaminação.

As últimas pesquisas realizadas apontaram uma distância de menos de 100 km das plantações afetadas no Peru com a fronteira do Brasil. Os pesquisadores da CEPLAC acreditam, inclusive, que algumas plantações da Amazônia já possam estar contaminadas, e que, caso não sejam tomadas providências para conter a disseminação da doença, ela poderá se instalar rapidamente na Bahia, maior produtora de cacau do país.

A intenção da FAPESB é elaborar um edital para o financiamento de pesquisas sobre as doenças do cacau, que buscará viabilizar a ida de pesquisadores para os países vizinhos onde há o foco da Monilíase, criando as condições necessárias para que haja um intercâmbio de dados. A ideia é levar para estes países as espécies mais resistentes que existem no banco de germoplasma da CEPLAC, para que sejam realizadas pesquisas. “As condições de pesquisa destes países são poucas, eles precisam de nossa ajuda”, afirmou Gramacho.

O Chefe de Pesquisa da CEPLAC, José Marques, afirmou que a Monilíase é o principal problema a ser discutido para o Edital, mas sugeriu que fossem incluídas, também, outras linhas de pesquisa, como a mecanização da lavoura cacaueira, a qualidade do cacau e sistemas agroflorestais. O Edital deverá ser lançado ainda no primeiro semestre de 2013.

Fonte: Ascom/Fapesb
Foto retirada do site Mars Cacau

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