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Publicado em: 01/10/2011 às 18:37

Mesa Redonda, Madrigal e Exposição de artes marcaram a abertura da Semana Kirimurê

Por: Ascom/Fapesb

Teve início na manhã de ontem, 31/10, a Semana Kirimurê, um conjunto de atividades promovido pelo Grupo Gestor do Projeto Baía de Todos os Santos (BTS), que realiza estudos inter e multidisciplinares buscando a melhoria e desenvolvimento da Baía. O objetivo da Semana é promover discussões sobre os problemas que acometem a região, chamando a atenção do governo e da sociedade, em busca de possíveis soluções.

No período da manhã, a Fapesb sediou a Mesa Redonda Gestão Ambiental da Baía de Todos os Santos, conduzida pelo Prof. Francisco Barros, do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia e coordenador do Grupo de Trabalho GT-BTS. O evento contou com a presença de Rodolpho Mafei, Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio-RESEX Baía de Iguape), Benito Juncal, Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (SEPLAN), Lívia Castello Branco, Ambientalista e Assessora da Direção do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e Célio Costa Pinto, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA na Bahia.

Barros fez uma breve explicação sobre a formação do GT-BTS, seus membros e objetivos, e falou sobre a necessidade de se estabelecer uma conexão entre pesquisa e gestão do meio-ambiente ampliando os canais de comunicação entre a ciência ambiental e a execução dos projetos. Em seguida, Mafei mostrou o trabalho realizado na Resex Baía de Iguape, uma reserva extrativista com cerca de 4.000 pescadores e marisqueiros espalhados por diversas comunidades no entorno da Baía, como Maragogipe, São Félix e Cachoeira. Lá, com apoio do GT-BTS, os pescadores desenvolveram 46 tipos diferentes de artes de pesca e mais de 20 tipos de recursos pesqueiros, adaptando-se a novas tecnologias como gaiolas de material mais resistente, barcos de fibra e barcos motorizados. Com isso, a pesca da região tornou-se uma atividade especializada e muito mais eficiente.

Mafei chamou a atenção para os problemas que acometem a região. A execução de empreendimentos de grande porte, como a instalação de estaleiros e marinas, a falta de tratamento de esgoto e a utilização de equipamentos proibidos para a pesca causam grandes impactos ambientais que precisam ser monitorados e controlados. Por isso, o ICMBio em parceria com o IBAMA e o INEMA realizam a fiscalização, licenciamento e monitoramento das atividades da Baía. Um Plano de Manejo, com normas de uso de recursos está sendo elaborado juntamente com universidades para garantir a conservação dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida da população.

A SEPLAN, por sua vez, tem como principal projeto para a Baía de Todos os Santos cuidar das regiões economicamente frágeis, como Maragogipe, em que a população jovem migra para as cidades maiores por falta de oportunidades. Segundo Juncal, a área receberá, nos próximos dez anos, investimentos na ordem de R$ 10 bilhões, sendo o maior deles para a construção de uma ponte que ligará Salvador à Ilha de Itaparica. O Chefe de Gabinete da SEPLAN prevê um aumento de 100 mil moradias na Ilha com a construção da ponte. Os investimentos serão voltados também para um estaleiro em São Roque do Paraguaçu e um Parque Petroquímico, que gerará em torno de 50 mil novos empregos.

Diante de tantas mudanças, o SEPLAN está formando um grupo com outras Secretarias, como a do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Urbano e da Fazenda, para decidir os instrumentos de governança necessários para tornar possível a reconfiguração da Baía de Todos os Santos. “É preciso uma grande capacidade de articulação entre governo, municípios e universidades para viabilizar esse projeto”, afirma Juncal. Com o crescimento da região, o aumento do número de moradias e a geração de empregos, será preciso um enorme projeto de saneamento básico, bem como um programa de ensino profissionalizante para capacitar a população local. Juncal sugeriu que a Fapesb lance mais editais temáticos voltados para a Baía de Todos os Santos.

O INEMA vem desenvolvendo um importante trabalho de fiscalização e monitoramento do uso dos recursos hídricos da Baía. A ambientalista Lívia Castelo Branco apresentou na Mesa Redonda o mapeamento das áreas críticas que contêm altos teores de poluentes e sedimentos e sofrem com a falta de esgotamento sanitário e a grande quantidade de lixo produzida. Segundo Lívia, a questão principal, onde se devem concentrar maiores esforços é na educação da população. “Estamos falando muito em novas tecnologias, sustentabilidade, mas onde está o papel da educação? Nós já sabemos onde estão os erros, agora precisamos educar para sermos pró-ativos”, afirmou. De acordo com a ambientalista, o INEMA está trabalhando no lançamento de um Edital para monitoramento hídrico da Baía de Todos os Santos. Combinar os instrumentos de monitoramento, fiscalização e licenciamento, tem sido, segundo ela, um dos maiores desafios para a gestão ambiental da região.

Célio Pinto explicou que quem atua na fiscalização e no licenciamento da BTS é a própria superintendência do IBAMA. Agora, é necessário estabelecer um sistema de informações, para que todas as decisões dos licenciamentos sejam divulgadas para conhecimento geral. Segundo o superintendente, um dos maiores problemas enfrentados pelo IBAMA na BTS é a pesca com bombas, que são vendidas no mercado negro por um valor entre R$ 80 e R$ 100. Segundo Pinto, o IBAMA está trabalhando junto com as Polícias Civil e Ambiental para combater esta prática.

À noite, ocorreu a Abertura oficial da Semana Kirimurê no Museu de Arte Sacra da UFBA. A ocasião contou com a belíssima apresentação do Madrigal da Universidade Federal da Bahia, entoando canções com temas do mar. Fizeram parte da mesa de abertura o coordenador geral do Projeto BTS, Jailson Bittencourt de Andrande, a vice-coordenadora Vanessa Hatje, o Diretor Científico da FAPESB, Eduardo Boery, o Pró-reitor de Pesquisa, Criação e Inovação da UFBA, Marcelo Embiruçu e o professor e ex-governador da Bahia, Roberto Santos.

Além do Madrigal, a abertura contou com o lançamento do livro Baía de Todos os Santos: Ambiente Humano e da Coleção Cartilhas Baía de Todos os Santos. Houve ainda a mostra do vídeo Baía de Todos os Santos em retalhos, do Grupo Mameto – BTS, projetado na parede da igreja. Os trabalhos em retalhos de pano de vela, realizados em oficinas de arte por mulheres, homens e crianças das comunidades da BTS também estavam expostos. Sob o tema “Qual a ponte que você gostaria de construir?” a comunidade criou telas utilizando materiais diversos da natureza e cultura locais, como terras coloridas, sucatas, flores e doces.

Fonte: ascom.fapesb

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